Dr. André Luiz Luquini Pereira

Dr. André Luquini
Reumatologista e Clinico Geral - CRM-SP: 129.471, RQE: 43560
Assistente Técnico em perícias médicas
Doutorando na University of British Columbia - Vancouver, Canada
Assistente de Pesquisa no Arthritis Research Canada

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*E-mail: andreluquini@yahoo.com.br

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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

LÚPUS






     Apesar de todo o esforço empregado na divulgação das doenças reumatológicas, ainda há muita dúvida e desinformação. O lúpus, doença que acomete preferencialmente mulheres jovens, não foge a essa regra, o que infelizmente leva a um retardo no diagnóstico. Por outro lado, entre a classe médica não é raro se suspeite de lúpus após um exame de FAN (fator antinúcleo) positivo. Esse exame, porém, não é específico, e parte das pessoas hígidas, sem qualquer doença reumatológica, apresenta positividade para esse exame. 
     O lúpus é uma doença auto-imune, isto é, relacionada à inflamação induzida pelas células de defesa (glóbulos brancos), sobretudo um subgrupo delas, chamados linfócitos B. Estimuladas, essas células passam a produzir anticorpos, que se juntam a outras proteínas do sangue (como o C3 e o C4, chamadas proteínas do sistema complemento), e formam os imunocomplexos, que através da circulação sangüínea podem chegar a todo o corpo, gerando inflamação e destruição dos tecidos. 
     Os locais mais comumente afetados são a pele, (manifestando-se como rash malar, lesões discóides) as articulações (artrite), o próprio sangue (com destruição das células sangüíneas: hemácias ou glóbulos vermelhos - anemia; leucócitos ou glóbulos brancos - leucopenia; plaquetas - plaquetopenia), os vasos sangüíneos (vasculite), os rins (nefrite), a pleura - camada de células que reveste os pulmões - e o pericárdio - que reveste o coração, levando a pleurite, pericardite e formação de líquidos entre esses revestimentos e os referidos órgãos - chamados derrame pleural e derrame pericárdico, respectivamente. Acomete também o músculo cardíaco (miocardite) e os pulmões (pneumopatia intersticial e fibrose pulmonar, podendo levar a restrição ao enchimento pulmonar, e à chamada Hipertensão Pulmonar, manifestando-se como falta de ar, ou no jargão médico, dispnéia). Além disso, pode acometer o sistema nervoso central, com quadros de convulsões ou psicose (alucinações). Pode estar associado a um maior risco de trombose (coagulação do sangue, entupindo veias e artérias em todo o corpo, ou mesmo da placenta, levando a abortamentos), se associado à presença dos chamados anticorpos antifosfolípides (anticoagulante lúpico, anti cardiolipina e beta2glicoproteína1), na Síndrome Anti-Fosfolípide, ou simplesmente SAF
      Convém ressaltar, entretanto, que o lúpus é uma doença que se manifesta diferentemente em cada pessoa. Não raro apresenta apenas o quadro inicial de alterações cutâneas e articulares, respondendo bem aos medicamentos, às vezes mantendo anemia e/ou linfopenia residuais. Em outros casos, porém, apresenta-se de forma devastadora, podendo agravar-se com infecções oportunistas, requerendo cuidados intensivos e antibióticos de amplo espectro, em conjunto com um fino ajuste na dose dos imunossupresores. 
     O tratamento baseia-se em bloquear a atividade dos linfócitos, com o uso de corticóides (prednisona) e citostáticos (azatioprina, micofenolato, ciclofosfamida, ciclosporina); antimaláricos (cloroquina) e mais recentemente até na destruição dessas células pela infusão de um anticorpo, medicamento biológico chamado Rituximab, com indicações muito específicas e em caso de ausência de respostas a outros tratamentos. Outro medicamento em estudo para o lúpus é o Belimumab, que atua bloqueando a sinalização celular que ativaria os linfócitos, com resultados promissores, mas ainda requer maiores estudos.

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